
Cavalo de Tróia | Por que a Honestidade e a Generosidade podem ser tão PERIGOSAS? – 48 Leis do Poder
Certo dia, em 1926, Victor Lustig decidiu visitar em Chicago o mafioso mais poderoso e temido daquela época, Al Capone. Os dois não se conheciam
e jamais haviam se visto antes. Entretanto, ao encontrar o mafioso pela primeira vez, Lustig decidiu lhe fazer uma proposta ousada. Alegando saber de uma ótima oportunidade de investimento,
Lustig pediu 50 mil dólares emprestados para Al Capone e lhe prometeu que devolveria o dobro desse valor
em apenas 60 dias. Embora aquilo fosse bastante suspeito e Al Capone não tivesse o hábito de confiar grandes quantias a estranhos, Ele ficou tentado e acabou aceitando a proposta, Exigindo que Lustig cumprisse sua palavra e
retornasse dentro do prazo com o montante prometido. Lustig pegou o dinheiro e saiu do local. Porém, ao invés de usá-lo e
investi-lo como havia prometido, Ele simplesmente guardou toda quantia
dentro de um cofre no banco E foi para Nova York,
onde tinha outros planos para ganhar dinheiro. Dois meses depois, Lustig voltou para Chicago
e foi visitar Al Capone novamente. Assim que chegou, ele pediu desculpas ao mafioso, Disse que o plano infelizmente não tinha dado certo
e que ele havia falhado. Irritado e imaginando ter perdido tudo, Al Capone se levantou de sua poltrona E começou a imaginar como faria Lustig pagar
pelo que havia feito com ele. Entretanto, logo em seguida, Lustig retirou 50 mil dólares do bolso do casaco e, Alegando estar em dificuldades e
realmente precisando do dinheiro, Ele devolveu para Al Capone todo valor
que havia pegado emprestado, Pediu desculpas mais uma vez
e se virou para sair do local. Al Capone ficou imediatamente surpreso com
a honestidade do homem e, comovido com a situação dele, O poderoso mafioso resolveu dar 5 mil dólares
para ajudar Lustig a superar as suas dificuldades. Meio sem jeito, Lustig agradeceu profundamente, Foi embora com o dinheiro e
ainda conquistou a confiança do mafioso. Na verdade, era exatamente o que ele queria desde o início. Lei nº12 Use a Honestidade e a Generosidade Seletivas
para Desarmar a Vítima Um gesto sincero e honesto pode encobrir
diversos outros desonestos. Até as pessoas mais desconfiadas baixam a guarda
diante de atitudes francas e generosas. Uma vez que a honestidade seletiva desarma as pessoas, é possível que elas sejam enganadas
e manipuladas à vontade. Um presente oportuno – um cavalo de Tróia
– é igualmente poderoso e útil. A essência da trapaça é a distração.
Distraindo as pessoas a quem pretende enganar, O patife ganha tempo e espaço para fazer algo desonesto
sem que suas vítimas percebam. Um gesto delicado, generoso ou honesto muitas vezes
acaba sendo a forma mais eficaz de distrair as pessoas, Simplesmente porque desarma as suspeitas
que elas possam ter sobre ele. Na antiga China, isso era chamado de “dar antes de tomar” – o “dar” dificulta à outra pessoa perceber o “tomar”. É um artifício com infinitas utilidades práticas
que tira proveito do enraizado princípio social da reciprocidade. Por outro lado, tentar tirar alguma coisa de alguém,
de maneira descarada, é bastante perigoso e arriscado, até mesmo para os mais poderosos. O ataque ficará claro, a pessoa lutará para se defender
e pode até buscar uma vingança. De forma semelhante, pedir diretamente aquilo
que você quer também é arriscado, Mesmo que seja de uma maneira gentil. A não ser que a outra pessoa enxergue algum
lucro ou benefício próprio em sua solicitação, Ela provavelmente irá ficar ressentida com
a sua carência, mendicância ou necessidade. É exatamente por esse motivo que “dar antes de tomar” Acaba sendo uma estratégia muito eficaz para aqueles
que querem tirar algo das pessoas. Dessa forma, o vigarista prepara o terreno, torna uma futura solicitação menos desagradável, Ou simplesmente cria uma distração. Esse tipo de ato explorador é praticado
das mais diversas formas. Pode ser um presente real, um gesto generoso, um favor, um reconhecimento supostamente “sincero” – Ou seja, o que for necessário para que o golpista
iluda e consiga aquilo que deseja. Portanto, preste bastante atenção. Na maioria das vezes, usar a honestidade seletiva logo de cara
acaba sendo uma arma fatal, Pois a primeira impressão é a que fica. Quando acreditamos desde o início que uma pessoa é honesta, torna-se muito difícil sermos convencidos do contrário. Por esse motivo, aquele que deseja explorar as pessoas
acaba ganhando espaço e tempo para fazer o que quiser conosco. Entretanto, em muitas situações, uma única atitude honesta
não é o suficiente para criar uma distração perfeita. Nesses casos, para explorar as pessoas, o vigarista precisa
criar e cultivar uma reputação de pessoa honesta, Sustentada não apenas por uma atitude, mas sim, por uma série delas – e estas podem até ser bastante inconsequentes. Na antiga China, o duque de Cheng desejava invadir e conquistar o reino cada vez mais poderoso e próspero de Hu. Sem contar para ninguém o que estava realmente planejando, Ele conseguiu fazer a sua filha se casar
com o governante do reino Hu. Dias depois, o duque de Cheng convocou seus ministros para uma reunião
E os perguntou qual reino
eles achavam que deveriam invadir. Como já esperava desde o início, um de seus ministros
sugeriu que eles invadissem o reino Hu. Fingindo estar zangado e desapontado com aquela ideia, o duque disse que Hu era um estado irmão e, Portanto, mandou executar o ministro
pela sua suposta traição. Mais tarde, o governante de Hu ficou sabendo de toda essa história e, levando em consideração outras provas de honestidade do duque, Além do casamento com a sua filha, ele decidiu confiar em Cheng, e deixou de se preocupar em ter que se defender. Poucas semanas depois, aproveitando a guarda
baixa do inimigo, Cheng colocou seus planos em prática E enviou seu exército para invadir
e finalmente conquistar o reino de Hu. A honestidade é uma das formas mais poderosas de
desarmar pessoas cautelosas, mas não é a única. Qualquer tipo de atitude nobre, aparentemente altruísta, pode ser usada para esse fim. Talvez a generosidade seja a mais eficaz de todas. São poucas as pessoas que resistem a
um presente, mesmo vindo de um inimigo. Um presente derruba as nossas defesas. Apesar de olharmos com certa descrença e suspeita o comportamento das outras pessoas, Dificilmente conseguimos enxergar as verdadeiras intenções Que podem estar por trás
de um gesto generoso como um presente. Durante cerca de dez anos, os gregos lutaram com os troianos numa tentativa de destruir as muralhas da cidade de Tróia E recapturar a bela Helena. Cansados de perderem milhares de soldados naquela guerra que parecia não ter fim, Os gregos então decidiram construir
um gigantesco cavalo de madeira E depois dar de presente para os troianos como um símbolo
de sua suposta vitória e da desistência dos gregos. Encantados com esse ato de generosidade e surpresos com a rendição dos gregos, Troia aceitou o presente e comemorou a vitória, Levando o cavalo para dentro
de suas insuperáveis muralhas. O que eles não sabiam é que dentro daquele presente
aparentemente legítimo e inofensivo havia soldados gregos. Naquela mesma noite, após a comemoração,
enquanto todos os troianos descansavam, Os soldados saíram de dentro do cavalo,
abriram os portões da cidade para o exército grego E destruíram Tróia completamente. Este é o poder do cavalo de Tróia. Ele permite conquistar aquilo que quer, ao abaixar a guarda do alvo E vencer, sem precisar superar as muralhas. Entretanto, a tática da bondade e da generosidade seletiva costuma ser praticada por vigaristas com bastante prudência. Afinal, se as pessoas perceberem
as verdadeiras intenções por trás desses atos, Os sentimentos de gratidão e cordialidade se transformarão
rapidamente em ódio e vingança.
Portanto, preste muita atenção e
tente enxergar o que realmente há por trás Dos supostos atos e gestos generosos das outras pessoas. Mas, é claro, há também o inverso para esta lei. Se o golpista já tiver uma reputação negativa
e um histórico de dissimulações e mentiras, Não há honestidade, generosidade ou gentileza que
consiga mudar a sua imagem e enganar as pessoas. Na verdade, quando alguém já possui
uma reputação de pessoa desonesta, Tentar simplesmente parecer honesto só levantaria ainda mais
suspeitas de sua verdadeira intenção de trapacear os outros. Neste caso, tome muito cuidado, Pois a pessoa mal intencionada pode acabar utilizando
o conceito oposto, a desonestidade seletiva, Ao fazer o papel e realmente parecer ser,
de maneira controlada e medida, um patife. Se passando por funcionário público da França, Victor Lustig estava quase vendendo a Torre Eiffel Para um ingênuo proprietário de uma indústria de metais, Que acreditou que ela estava sendo leiloada
pelo governo francês como sucata. No encontro para fechar o negócio, o homem estava
quase entregando toda a fortuna para Lustig, Mas, no último minuto, desconfiou que aquilo
se tratava de um golpe. Lustig então se inclinou em direção ao homem e,
meio sem jeito, sussurrou que, Como funcionário público, ele não era muito bem pago
e que estava em dificuldades financeiras. O homem então percebeu que tudo que Lustig queria
era apenas aproveitar aquela oportunidade de negócio do governo Para ganhar uma grana por fora. Agora, o homem sabia que podia confiar em Lustig. Afinal, ele parecia estar sendo verdadeiro
ao revelar a sua desonestidade. Sem perceber as reais intenções
por trás daquele ato desonesto seletivo, O homem confiou em Lustig e lhe entregou todo o dinheiro
para fecharem aquele incrível negócio. Na esfera do poder, nada é absoluto. Se, ao contrário, tivesse usado a honestidade seletiva, Lustig provavelmente teria fracassado em seu golpe. Às vezes, a falsidade declarada acaba
sendo a melhor saída para um vigarista. Ela encobre as suas pegadas, acaba com as suspeitas possamos ter sobre ele E pode até fazer o vigarista ser admirado
pela sinceridade de sua desonestidade.